Atualmente, estão a decorrer vários estudos clínicos de fase 3 dedicados ao tratamento da esclerose lateral amiotrófica (ELA). A fase 3 de um ensaio clínico envolve a comparação da eficácia e segurança de um determinado fármaco experimental contra placebo (molécula inerte que não tem qualquer efeito terapêutico), no caso da ELA o riluzol deve ser prescrito ao doente qualquer que seja o grupo onde o doente se indira no ensaio. Estes estudos decorrem na sequência de ensaios clínicos de fase 2 que estabeleceram a segurança dos medicamentos agora testados na fase 3, assim como o seu potencial para produzirem um efeito clínico positivo. Um efeito clínico positivo na ELA significa uma redução da progressão clínica.
O ensaio clínico de fase 3 chamado COURAGE-ALS pretende avaliar a eficácia e segurança do reldesemtiv em doentes com ELA contra placebo. O fármaco experimental é um ativador de uma proteína muscular denominada troponina, e a sua ação tem por base aumentar a afinidade do cálcio à troponina, o que permite aumentar a contractilidade muscular. O ensaio clínico de fase ainda está em curso, não sendo conhecidos resultados.
O estudo clínico ADORE (fase 3) tem como objetivo avaliar a eficácia e segurança da edaravona oral tomada diariamente em doentes com ELA contra placebo. A edaravona atua como uma molécula redutora do stress oxidativo, e deste modo pretende atrasar a progressão da doença. Os resultados do estudo não são conhecidos, pois ainda está a decorrer.
O ensaio clínico de fase 3 denominado PHOENIX pretende avaliar a eficácia e segurança de um composto denominado fenilbutirato de sódio/taurursodiol (ou ursodoxicoltaurine ou ácido taursodeoxicólico) em doentes com ELA contra placebo. Este tratamento combinado reduz a degenerescência neuronal ao bloquear vias chave envolvidas na morte celular. Apesar do ensaio estar em curso, houve aprovação precoce e condicional pelas entidades que regulam o medicamento no Canadá, e mais recentemente, nos EUA, com base nos resultados preliminares obtidos no ensaio de fase 2 (CENTAUR). Foi constatado uma potencial redução do declínio de acordo durante um período de 24 semanas, o qual terá que ser validado pelo ensaio de fase 3. No entanto, a entidade que regula o medicamento a nível europeu, Agência Europeia do Medicamento (EMA), não autorizou ainda a sua comercialização, visto aguardar pelos resultados do ensaio de fase 3.
Estes 3 ensaios decorrem actualmente no S Neurologia do CHULN-H Santa Maria, onde têm sido incluidos doentes de Lisboa, Porto, Coimbra, Viseu, Figueira da Foz e outras cidades, que respeitam os critérios de inclusão e exclusão. O recrutamento nos dois primeiros ensaios vai terminar no início de Novembro por determinação no patrocinador e por estar previsto atingir o número alvo de doentes.
O tofersen bloqueia a produção de uma proteína específica chamada SOD1 através de uma molécula designada oligonucleótido antissense. O ensaio clínico de fase 3 com duração de 6 meses (VALOR) para os doentes com ELA portadores da mutação SOD1 contra placebo já terminou. Os objetivos primários determinados pela escala funcional ALSFRS-R não foram atingidos. No entanto, houve sinais de redução de progressão da doença através de objetivos secundários e exploratórios, pelo que o fármaco está em reanálise pela agência que regula o medicamento nos EUA (FDA).
Todos os ensaios clínicos em curso têm por base critérios de inclusão e exclusão bem definidos que são rigorosamente respeitados, pelo que para maior conhecimento acerca dos mesmos sugere-se que partilhe as suas dúvidas com o seu neurologista assistente.
Dr Miguel Oliveira Santos (Neurologista do CHULN-H Santa Maria)
Prof Mamede de Carvalho (Responsável pela consulta de ELA do CHULN-H Santa Maria)